
Casa quase cheia para assistir a apresentação de uma das mais importantes bandas de Rock de todos os tempos. Já é a nona vez que o Deep Purple vem ao Brasil. E eu ainda não havia assistido. Valeu a pena!
Palco sem decoração nenhuma. Apenas os instrumentos, os músicos e algumas caixas de som. Simples, direto, como o bom rock'n'roll. Mesmo com os desfalques da formação clássica, Jon Lord e Ritchie Blackmore, o show é recheado de clássicos e nem se percebe o tempo passar.
O lendário vocalista Ian Gillan estava meio derrubadão. Devia estar com algum problema de garganta. A cada agudo (e são muitos) ele dava uma discreta tossida de lado. Muitas vezes, foi meio cambaleante para o fundo do palco tomar alguma coisa. Mas, deu conta de aguentar o show inteiro. Uma coisa me chamou a atenção: apesar de serem 5 membros, não há um único microfone de apoio para os outros darem uma força. O Gillan leva todas as músicas sozinho!
Ian Paice é uma outra atração à parte. Pra mim, um dos maiores bateras da história. Bate com uma precisão incrível, sem grandes exageros. É nítido o prazer que ele tem de tocar e de fazer seu breve solo. Ele faz um rufar de tambores com uma mão só que é único!
Roger Glover comanda bem no baixo. Seguro, faz a 'cozinha' da banda sem muitas firulas. Com um lenço amarrado à cabeça, faz uma figura de rocker mesmo. Daqueles meio judiados pelos excessos de 35 anos de carreira.
Steve Morse é um mestre da guitarra. Faz às vezes de Blackmore com maestria. Confesso que algumas vezes senti falta da economia de notas do guitarrista original da banda. Talvez seja por já ter ouvido as gravações originais milhares de vezes. Ele comandou umas 3 canções instrumentais durante o show, que deduzi que tenham sido inluídas no set devido ao problema vocal de Gillan. Mas, ele domina muito bem o instrumento. Usa o braço todo da guitarra. É muito ágil e sabe ser melódico e sentimental quando preciso.
O Don Airey foi uma surpresa para mim. Comandou sem problemas os teclados, especialmente o órgao Hammond. Durante seu solo fez uma brincadeira com algumas músicas brasileiras e já emendou com a introdução de "Space Truckin".
São lendas vivas do Rock. Gostaria de tê-los visto no auge de sua energia, por volta de 1973. Mas, estou plenamente satisfeito de tê-los visto sessentões, conscientes de sua imagem, sem exageros e sem querer fazer firulas que a idade já não permite. Desde a abertura, com "Highway Star", passando por uma emocionante "Perfect Strangers", até um final maravilhoso com "Black Night" o show foi poderoso. Para mim, antológico!