27 maio 2009

John Lennon: A Vida


Depois de 70 dias, terminei de ler a enorme biografia de John Lennon, escrita por Philip Norman. São mais de 800 páginas com letras miúdas e capítulos extensos. O assunto me agrada e muito, só que não há como deixar de admitir: li de cabo a rabo com alguns momentos de desânimo.

Não tenho muitas experiências na leitura de biografias, mas creio que um dos pontos principais para quem escreve sobre a vida de uma outra pessoa é não interpretar os fatos. Talvez seja esse o grande erro de Philip Norman. Suponho que uma biografia seja uma coleção de fatos marcantes na vida de alguém. Agora, analisar as intenções ou motivações do biografado ao fazer determinada ação, creio que extrapole o dever do escritor.

Para mim, ficou nítido que Norman quis dar destaque a alguns fatos que poderiam causar polêmica, como o suposto caso homossexual com o empresário Brian Epstein, uma relação incestuosa com a mãe, Júlia, e os acessos de fúria em aluns momentos de excesso de álcool e drogas. Para vender mais ou ter algum espaço na Imprensa, alguns 'literatos' optam por esse expediente.

Certamente, esse empenho em causar frisson motivou Yoko Ono e Paul McCartney a não abonarem esse livro. Ao longo de três anos, o autor entrevistou muitas pessoas relevantes na vida de Lennon, mas ao final, as duas mais importantes na vida dele terminaram por não assinar embaixo o que lá está escrito.

Sei mais do que ninguém, que Lennon não era santo. E isso até que é bem mostrado no livro. Da mesma forma, que o minucioso trabalho de pesquisa de Norman mostra o ex-beatle como uma pessoa normal, com necessidade de contato com a família e sentimentos comuns a qualquer ser humano.

Uma das coisas que gostei na obra foi a parte que trata da infância dele. Percebe-se que Norman, de fato, pesquisou a fundo e conversou com muitas pessoas que tiveram contato com Lennon. Gostei também do período logo após a separação dos Beatles. Quando o relacionamento com Yoko e seus esforços para difundir uma mensagem de paz tomaram de assalto a Imprensa mundial.

Em suma, é um bom livro. Meio apelativo e, em algumas horas, um pouco confuso com muitos nomes sendo citados e um vaivém no tempo que atrapalham o leitor. Não creio que alguém que não seja fã de Lennon consiga ler uma obra tão extensa.

4 comentários:

  1. Gostei, Seu Mussolin.
    Bem clara, a separação entre o lado "pesquisa" e o lado "opinião" do livro.
    Deixo aqui uma sugestão pra outro livro biográfico, denso e longo também, e do qual gostei: "Chatô, o Rei do Brasil".

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  2. Imagino que o grande desafio em se escrever uma biografia seja não distorcer os fatos de acordo com a sua ótica...eu particularmente nunca consegui encontrar um...

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  3. Se a Yoko e o principalmente o Paul McCartney não endossaram o livro alguma coisa há de errado.

    Naldoni

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  4. São ótimas as considerações sobre o livro. De certa forma, tenho opinião semelhante a do Rubinho quando o assunto é biografia. É difícil mesmo saber até que ponto são verídicos os fatos ou mesmo criados... Em se tratando de Lennon, imagine... Grande abraço,

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