Terminei de ler o livro "Bad Moon Rising", de Hank Bordowitz, que conta a história (não autorizada) do grupo Creedence Clearwater Revival. Gosto muito do som desse quarteto americano desde criança e muito pouco eu conhecia de sua trajetória. Não é muito fácil de encontrar material biográfico deles.
O CCR lançou 7 discos. Todos muito bons e que fizeram grande sucesso comercial. Boa parte desse destaque deve-se ao talento do guitarrista, cantor e compositor John Fogerty. O grupo se separou em 1974 e desde então os 3 membros fundadores sobreviventes (John mais Stu Cook e Doug Clifford) vivem se pegando em ações na justiça. O quarto membro fundador era Tom, irmão de John, que havia saído da banda em 1970 para seguir carreira solo, brigado com seu mano, a quem acusava de monopolizar tudo no grupo. Ele acabou falecendo em 1990, ainda brigado com o irmão, em decorrência de AIDS, adquirida em uma das muitas transfusões de sangue a que foi submetido durante tratamento de problemas nas costas.
As revelações desse livro foram surpreendentes para mim. Não sabia de muitas coisas da carreira deles. Eu sempre estranhava a ausência, praticamente completa, das músicas deles em filmes, comerciais, coletâneas, etc. E, principalmente, nas edições e reedições do material do festival de Woodstock, que aconteceu em 1969. Muita gente nem sabe que eles participaram do evento, já que suas músicas não constam dos discos e nem do filme oficial.
A razão remonta aos primórdios da banda, quando eles assinaram um contrato com a Fantasy, sem consultar advogados, o que era comum na época e inadmissível hoje em dia. Era mais ou menos assim, eles teriam que entregar 12 músicas para a gravadora (um LP) no primeiro ano, mais 12 no segundo ano. A partir do terceiro ano, seriam 24 músicas. Caso entregassem 14, ficaria devendo as 10 restantes para o ano seguinte. Isso é, teria que entregar 34 músicas no quarto ano. E assim por diante. Segundo o documento, mesmo se a banda se separasse os ex-membros ainda teriam que cumprir essa entrega de material. É algo escorchante.
Mesmo depois de muitas reuniões e brigas, o diretor da Fantasy, Saul Zaentz, não cedeu. Além disso, os direitos das músicas ainda são da gravadora, o que significa que os membros do CCR não recebem praticamente nada da vendas de discos. E nem de nada relacionado às músicas deles. Depois de muito discutir e de dezenas de audiências judiciais, John entrou em um acordo com a Fantasy, nos anos 80: cedeu sua pequena participação na venda dos discos em troca de não ter mais que entregar novas canções todos os anos para a gravadora.
Isso significa que até hoje, John Fogerty não recebe nada pela venda dos discos com aquelas dezenas de clássicos que ELE compôs. Durante muitos anos, ele recusava-se até mesmo a tocar suas próprias composições em shows. Mas, como o mundo dá muitas voltas, John Fogerty voltou a Fantasy em 2005. Depois de lançamentos esporádicos e não bem sucedidos, as grande gravadoras não o queriam mais. A Fantasy o aceitou de volta. Sabendo promovê-lo, creio que seja uma boa para ambos. Afinal, o CCR ainda hoje vende cerca de 10 mil discos por semana, somente nos Estados Unidos. É muita coisa, ainda mais em tempos de downloads desenfreados...
Durante esses 35 anos em que eles estão separados, muitas vezes, suspeitou-se que uma volta aconteceria, mesmo que fosse para apenas uma apresentação. Nunca aconteceu. Em se tratando de um ser tão talentoso quanto John e igualmente turrão, é de se esperar que não aconteça mesmo. Doug e Stu estão na estrada, fazendo cerca de 100 shows ao ano, tocando os sucessos compostos pelo ex-colega, sob o nome de Creedence Clearwater Revisited. É uma pena. Afinal, tantos 'dinossauros do rock' têm se reunido, muitas vezes para trabalhos insossos. Não seria uma má idéia uma reunião da banda que era uma verdadeira usina de hits.
A son not so fortunate...
ResponderExcluirBem falado, uma usina de hits!
ResponderExcluirNão tinha noção destas histórias do CCR. Também sempre gostei do som dos caras e concordo: uma banda produtora de hits! No entanto, os caras mostraram não ter cabeça na época, já que o acordo feito com a Fantasy foi de louco, ou melhor, de kamikase! Grande abraço!
ResponderExcluirInteressante, surpreendente e lamentável...
ResponderExcluirSugestão: o post poderia ter vindo acompanhado de Bad Moon Rising
ResponderExcluirTambém cresci ouvindo CCR, e tem um vídeo do John ao vivo que é muito bom:
http://www.youtube.com/watch?v=H06_0ApzkzY
Não conheço nadinha deles Golden, vou pedir pro maridão me colocar na roda deste assunto, rsrsrs
ResponderExcluirGrande Golden!