08 janeiro 2009

Árias

Flávio e Orival em ação.

Teatro lotado em plena terça-feira! E não era um show de música popular. Era uma apresentação do baixo-barítono Orival Bento Gonçalves e do pianista Flávio Augusto. O evento aconteceu na Urca, aqui em Poços de Caldas, como parte do bom Festival Música nas Montanhas. Ambos têm diversos prêmios no Brasil e no exterior e são nascidos aqui mesmo, na terra das águas sulfurosas.

Orival já possui uma carreira sólida nos Estados Unidos, onde reside há muitos anos. Sua figura esguia, alta, envolta em uma casaca impecável, impõe respeito desde a primeira música. Sua voz potente e afinada, dá vida a obras de Bach, Beethoven, Händel, Schubert, Strauss e Villa-Lobos, entre outros. Sua interpretação traz expressões faciais e corporais contidas, mas muito significativas, trazendo movimento a músicas que meus ignorantes ouvidos não estão acostumadas a ouvir.

Fui com o Marcelo e a dona Fanny. Nós três saímos da apresentação em estado de serenidade absoluta. É impressionante o que a boa música pode fazer às nossas mentes e espíritos.

Ocorrências

Mas, nossa chegada à Urca teve a companhia de um caminhão de lixo que estava recolhendo os dejetos dos cavalos das charretes que fazem ponto bem em frente ao teatro. O fedor era insuportável, de causar engulhos. Não dá para admitir que o público chegue para assistir a uma apresentação de música lírica e tenha que passar pelo inconveniente de sentir esse aroma fétido.

Na saída, o cheiro era forte também, só que desta feita de urina de cavalo. Não dá!!!

A Urca precisa de um pouco mais de cuidado também. Várias cadeiras estão soltas, com o estofamento danificado. São pequenos reparos que podem evitar que a situação degringole. Fui levar o Marcelo ao banheiro no intervalo e as maçanetas do local estavam todas lambrecadas de pasta de dente. E não havia papel higiênico e nada para enxugar as mãos. Comuniquei o ocorrido a uma funcionária do teatro que apenas abriu os braços e disse "Agora não dá para fazer nada". Quer dizer que não fica um funcionário de limpeza num evento desse porte?

Isso sem falar nos vários celulares tocando durante a apresentação e das pessoas conversando e rindo alto, relógios apitando, crianças chorando...

Poços deve e merece ter um Festival como esse e mais eventos de cultura, mas os artistas e o público merecem um pouco mais de consideração.

5 comentários:

  1. Não sobre o show, mas já se falou aqui sobre esse problema das charretes naquele ponto.
    Entra administração, sai administração e coisas que podem ser fácilmente resolvidas vão sendo postergadas.
    Vamos relembrar o recém empossado prefeito?

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  2. A falta de cuidado com a cultura e o turismo são do tempo do fim dos cassinos. Entra prefeito, sai prefeito, e o problema persiste.

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  3. Bom saber notícias de ambos. O Flávio é primo de dois irmãos amigões meus de infância, Dega e Guto.

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  4. Como professor de música há varias décadas em diversos países e profundo conhecedor e apreciador da música clássica, venho aqui parabenizar o duo Orival (baixo barítono) e Flávio (pianista) pela maravilhosa apresentação do dia 06. Após anos de "ouvir dizer", finalmente pude escutar este baixo-barítono pessoalmente e posso assegurar que ele preencheu cada uma das minhas expectativas e muito mais. Sua voz poderosa e de timbre absolutamente único, assim como o seu refinadíssimo talento musical, encheram o teatro da Urca e os corações de todos os que lá estavam. Menção especial deve ser feita à magnífica interpretação do dificílimo ciclo de canções "Vier ernste Gesänge" de Brahms, o qual foi impecavelmente interpretado por Orival. Flávio, com o seu já reconhecido talento pianistico e que não é nenhum estranho aos palcos brasileiros, apresentou cada uma das peças com a sutileza do verdadeiro mestre que o é. São apresentações como esta que elevam e valorizam um verdadeiro festival de música.

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  5. Caro Adriano,

    achei o seu blog quando fiz um Google com o nome do Orival. Primeiramente gostaria de comentar sobre a situação do fétido odor em frente ao teatro da Urca. Apesar de eu não ser de Poços, eu sei que este problema com os cavalos é um problema antigo da cidade. Eu mesmo já fiz uma reclamação anos atrás, quando vim participar do festival de música, com a prefeitura e com a administração do festival mas me disseram que nada poderia ser feito e que aquele era o lugar dos "charreteiros". Concordo com você que é uma falta de consideração com os frequentadores do teatro.

    A respeito do recital do Orival e do Flávio, o Flávio eu já conheço há vários anos e o seu sucesso dispensa quaisquer outros elogios. Sempre tive vontade de ouvir o Orival pessoalmente e assim como você eu também saí do teatro "em estado de serenidade absoluta". Se você, que diz ter "ignorantes ouvidos", pôde apreciar a belíssima apresentação, eu, que apesar de não ser professor de música como o GT, nasci em família de músicos e ouço e admiro a música erudita desde a minha infância, saí de lá em total êxtase. Concordo com o comentário do professor GT sobre o difícil ciclo de Brahms ter sido executado maravilhosamente bem e vou além dizendo que demonstrou a perfeição, refinamento e absoluto controle vocal dignos de um verdadeiro artista que atingiu um nível muito além da grande maioria. O problema com os celulares, relógios, crianças, pessoas que entravam e saiam ... vão muito além da minha compreensão e aceitação. Cheguei a ficar com pena dos dois músicos e pensei até que fossem parar a apresentação em um dado momento. Este é um problema que deveria ser levado à administração do festival porque é inaceitável.

    Gostei de conhecer o seu blog.
    Marcos Pimentel.

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